Ultimamente tenho rabiscado vários versos melancólico-filosóficos, embriões de futuros poemas que serão trabalhados com muito cuidado, especialmente para vocês. Este que apresentarei hoje foi terminado na Quinta-Feira passada. Espero que gostem do meu, como posso dizer, retorno às raízes, só que de uma forma mais trabalhada. A temática desse poema não é à toa: em breve, teremos o equinócio da primavera, porém devo alertá-los que o poema não tem um tom primaveril e sim sombrio. O título do poema é devidamente explicado em seus versos.
EQUINÓCIO
Aguarda-se uma igualdade que nunca virá
A luz não iluminará de forma simétrica
Tudo isso não passa de uma esperança excêntrica
Já que há um solstício sem fim
Talvez não haja mais hiperbólicas preocupações
Nem esta melancolia travestida de incessante
depressão
Quiçá tamanho espaço desnecessário e inócuo
Repleto de sofrimento e angústias para o coração!
Porém o devir possui vontade própria
E o curso das coisas naturais não se pode mudar
Se os efeitos da luz deseja-se sentir
É imperativo que o sujeito tenha que se deslocar!
Contudo, persiste a inexorável dúvida
Acerca da (im)possibilidade do movimento:
Será que o indivíduo pode alcançar outro hemisfério
Ou estará condenado a uma eterna noite polar?