quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Sobre uma prisão

     Boa noite! Sejam bem-vindos mais uma vez! Acomodem-se, fiquem à vontade, pois hoje é uma noite especial, já que o poema que lhes apresentarei será o último deste ano de 2013.
     O Poema em questão foi escrito em Junho de 2010. Fala sobre uma prisão, mas não uma prisão qualquer. Leiam e entenderão o que eu digo.

                                         CAGE NOIR

                                

Ela foi devidamente preparada
Para de lá nada poder escapar
Sua beleza encanta e hipnotiza
O prisioneiro só quer lhe admirar

Uma luxuosa prisão de diamante negro
Brilhantes ornam as grades da cela
Que agora encontra-se ocupada
Por alguém que está dentro dela

Este criminoso está deveras encantado
Admirando a sua nova moradia
Que crime por ele foi cometido
Para ser jogado nessa gaiola fria?

De forma alguma fala
Ele mesmo lá dentro se trancou
Que situação assaz inusitada!
Contudo, a chave consigo guardou

      E então é isso. espero gostado e quero agradecer a todos os presentes e não-presentes por mais um ano de vossa apreciação em relação ao meu trabalho. Tudo de bom para vossas pessoas e espero que ano que vem estejamos todos aqui. Obrigado pela vossa atenção de sempre e até breve! 


Imagem retirada do site www.fielpalavra.com

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Sobre uma criatura da noite

   Muito boa noite, meus caros! Aproveitemos essa agradável brisa noturna que vem os fazer companhia nestes dias quentes! Não entremos no castelo, fiquemos aqui fora, observando esta lua quase cheia e apreciando a paisagem noturna!
     Hum, ouviram esse bater de asas?Não, não é uma coruja, é aquela mariposa, vejam! Grande, não é? creio que seja a mesma que entrou em meu quarto na madrugada de ontem. Ela ficou no teto a me fitar, logo após ter-me assustado com seu ruidoso bater de asas. Fui dormir, com ela a me vigiar do alto. E em meu sono, versos surgiam em minha mente. Quando acordei, ela não mais lá estava e eis que a vejo aqui novamente! Deve ser ela, não vejo muitas mariposas por aqui.
    Vamos então ao poema, inspirado por este ser que invadiu meu quarto ontem, no meio da madrugada.
   
                                                MARIPOSA


Um enorme vulto voador voa na madrugada
Rompendo o silêncio noturno de forma repentina
O bater de suas asas é uma sonora pancada
Que acorda até os mais íntimos da morfina!

Esta monstruosa borboleta realmente é sinistra
Sua negra presença é imperceptível na noite
Contudo ela não é nem um pouco querida
Já que seu borboletear estala como um chicote!

Filha da escuridão, criatura das trevas!
Tais epítetos todos lhe são bem dados
Já que a luz do astro-rei te enervas
Fazendo que os da tua espécie fiquem refugiados!

E quando a noite chegar mais uma vez
Novamente surgirás da tenebrosidade
Quando não mostrarás mais timidez
E sim, tua realeza sombria para a humanidade!

E sobre a égide das entidades noturnas
Sempre estarás a planar, vista por Selene
Longe de todas as criaturas diurnas
Porém com teu negro orgulho perene!




sábado, 23 de novembro de 2013

Dependência química

  Boa noite, meus caros! Estamos aqui mais uma vez, desta vez numa noite de lua minguante. Fiquemos aqui na varanda, pois mesmo à noite está fazendo calor e é sabido que nos trópicos o tempo fica mais quente, especialmente nesta época de fim de ano.
   Como tenho dito ultimamente em minha página pessoal no Facebook, tenho tido umas ideias de versos que remontam a um período em que eu escrevia de forma bem mais sombria do que escrevo hoje: várias citações de morte, tristeza e sentimentos melancólicos em geral, assim como a presença constante da noite, algo do qual creio não ter me separado totalmente. Este poema fala sobre a infeliz dependência do ser humano em relação a coisas externas para se sentir feliz. Leiam o poema e vejam o que quero dizer e mostrar. Depois, sintam-se livres para opinar ou apenas refletir sobre. Enfim, espero que o poema possa tocar-lhes de alguma forma.

                                                  OVERDOSE



Mais uma vez a maldita inquietude
Os membros tremem de forma compulsiva
Sinto um enorme fogo mas não é tesão
Nem motivos para senti-lo existem
Seriam as chamas do desespero
Queimando o que sobrou da esperança?
Eis que o medo da solidão é substituído
Pelo empirismo aterrador da realidade!

Tomo mais uma pílula, solução rápida
Porém nem sempre o químico resolve
Os problemas da tão sofrida alma
Muitas vezes a adoece ainda mais
Outras alternativas são tentadas
Líquidos, pó, fumaça, agulhas
E nenhuma delas resolverá o problema
Pois não houve preocupação em procurar
O remédio metafísico ideal para a angústia
Tudo isso porque busquei um oásis artificial e externo
Quando dentro de mim já havia um
O único, verdadeiro e libertador oásis...


sábado, 26 de outubro de 2013

Um simples gesto

  Boa noite, meus caros visitantes. Fiquem à vontade, mais uma vez, como sempre.
  Hoje mostrarei um poema simples, sobre um tema simples, coisa incomum em meu trabalho. Inclusive, ando lidando com temas que não usava antes. Bom, espero que gostem.

                                                       ABRAÇO





Um bálsamo para um corpo cansado
Que restringe os movimentos da carne
Porém libertam os grilhões da mente
Assim como libertam uma paixão que arde!

É muita estultice de um ser achar
Que tudo termina no corpo finito
Mais tolo ainda é aquele
Que deixa o sem-fim restrito!

Que este enlace de corpos
Possa trazer tranquilidade e paz
Que ambos possam desfrutar
Da alegria que isso traz!

E que mesmo com a impotência
Oriunda deste feliz momento de fraqueza
Não exista a vergonha da derrota
Já que a vitoriosa foi a beleza!



sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Reflexões na madrugada

Já era madrugada. Estava a se preparar para dormir. A noite havia sido bastante proveitosa. Sua mente estava repleta de ideias novas e seu espírito estava radiante de felicidade. Porém havia algo a mais. Havia algo que havia deixado passar, um ínfimo detalhe. Não sabia do que se tratava, todavia sabia que esse minúsculo detalhe mudaria toda a sua vida para melhor. Sem muita pressa e nervosismo, começou a refletir, chegando a murmurar palavras consigo, um monólogo filosófico e com algo de espiritual.
Ficou nesse processo por um bom tempo. Precisava dormir, porém não conseguia. Entretanto, não poderia fazê-lo até que dirimisse este enigma que apareceu-lhe durante a madrugada. Aliás, esses mistérios somente apareciam-lhe nas altas horas da madrugada e muitas vezes seu sono foi comprometido por causa disso. Em compensação, acordava com a mente mais iluminada e mais esclarecida, assim como a sua revolução interna (que tentava derrubar o seu ditador interior) avançava cada vez mais em direção ao seu objetivo final.
De repente, uma luz.
Sim, era exatamente isso que faltava! Uma visão mais profunda do todo, algo menos superficial! Era preciso parar de desfrutar do gozo por um tempo, gozo este proporcionado por sensações e emoções que jamais foram experimentadas, que pela primeira vez apareciam no mundo empírico e que finalmente havia deixado o mundo das ideias. Era tudo real, tudo tão palpável! Como não se maravilhar, deslumbrar-se com tal realidade que a priori parecia que jamais sairia da teoria? É normal que os sentidos fiquem embriagados e que o ser entregue-se a essa embriaguez metafísica. No entanto, é preciso sair desse estado dionisíaco e encaminhar-se para um estado mais meditativo, onde o ser possui mais controle de suas ações e pensamentos.
Então pegou de um lápis e uma folha e branco. Sim, era preciso registrar este momento de alguma forma e que forma melhor poderia haver que não fosse a escrita? Imediatamente, começou a preencher as folhas com palavras que refletiam o momento iluminado que estava vivendo. Ainda restavam alguns problemas e dúvidas sem soluções e respostas, porém elas seriam resolvidas com o tempo.

  E escreveu, escreveu, escreveu até que não sobrasse nenhum espaço em branco. Pronto, ali ficariam registradas suas mudanças internas, oriundas de reflexões que ao longo dos anos, moldaram (e ainda moldarão) o seu interior para algo melhor.



O que são nomes? Apenas palavras para facilitar a comunicação e para facilitar o aprendizado. O nome não revela absolutamente nada, á algo superficial. Um ser pode ser chamado de múltiplos nomes por múltiplas pessoas, isto diferença nenhuma fará. O nome de batismo, o nome artístico, o apelido, não revelará a essência do ser que é por ele nomeado.
O altruísmo é algo que anula o indivíduo: ele perde a sua identidade e ele faz com que a pessoa elimine o amor-próprio e a sua própria imagem. Porém isto é maravilhoso e divino, já que com todos esses obstáculos eliminados, o ser fica destituído de toda e qualquer vaidade, e esta é um veneno para a alma. O indivíduo que elimina todo traço de vaidade não ama ao próximo como a si mesmo: ele apenas ama, sem referencial, e este é o verdadeiro e mais puro amor.
Por que se dá tanta importância ao comportamento sexual? Por que a necessidade de rotulá-lo? O conceito reprime, prende, nos faz reféns da opinião alheia. Como pode rotular-se a forma de sentir prazer, dizer quem é ativo e passivo, como se isso fosse uma característica permanente? Pode até ser que seja, mas nem sempre é o caso. E mais: por que dar tanta importância ao sexo? Por que tanta ênfase no prazer que o corpo sente? São prazeres mais do que saborosos o degustar de uma boa comida, uma boa bebida, um beijo... mas e quanto aos prazeres da alma? Por que não dar mais destaque a estes, já que engrandecem e tratam da mente e uma mente saudável leva a um corpo sadio? É sabido que um corpo sadio está mais apto a usufruir dos prazeres empíricos do que um corpo doente.
Dizem que deve haver um equilíbrio entre razão e emoção. As experiências já mostraram o quão desastroso pode ser deixar-se levar constantemente pelos sentimentos, assim como deixar-se levar na grande maioria das vezes pela razão: no primeiro caso, o indivíduo torna-se um escravo de suas paixões e no segundo fica-se por demais frio e insensível. O indivíduo que tem os dois em equilíbrio também deveras perigoso, já que ele não pende nem para um lado e nem para o outro; sua reação é imprevisível. O melhor a ser feito é que se deixe a balança interior pesar mais para o lado da razão, pois esta, se tiver vantagem sobre a emoção, evitará que o indivíduo cometa tolices. Com a razão levando uma pequena vantagem (deve-se ressaltar esta palavra, “pequena”), ela tenderá a sobrepujar os arroubos das paixões mas ao mesmo tempo manterá a sensibilidade do indivíduo sempre pronta para apreciar as coisas belas e compartilhar das alegrias e tristezas do próximo. Este é o verdadeiro equilíbrio.
O sábio não se deslumbra fácil. Ele não se deixa levar pelas aparências, pelas belas palavras de outrem, pelos elogios e afins. O sábio tem a mente equilibrada e sabe dos perigos da vaidade. O sábio se deslumbra apenas depois de um tempo, quando percebe que é seguro e viável ter esse deslumbre, já que ele controla suas emoções. As únicas coisas que fazem o sábio deslumbrar-se é a filosofia, a literatura e a arte como um todo.
Ao apreciar todo e qualquer tipo de arte, não se deve fazê-lo de forma superficial: É preciso entregar-se por completo. Ao ver um quadro, deve-se nele entrar, fazer parte dele, sentir o que ele passa: as cores e o cheiro da paisagem, cada objeto, interagir com aqueles que nele estão retratados, sentir suas emoções. Ao ouvir uma música, procure sentir cada instrumento e a emoção que cada um passa, assim como deve-se perceber a importância que cada um tem para que se possa fazer uma bela melodia. Se houver voz, sinta a emoção que ela passa, como ela canaliza de forma perfeita o sentimento presente na letra! Sinta a letra, observe e atente para cada palavra: uma letra de verdade não é apenas um emaranhado de palavras sem sentido, ela leva a um êxtase pleno, onde a música se combina perfeitamente com a mensagem que é passada pela letra. Porque a arte que é arte de verdade passa algo de bom: a “arte pela arte” é algo destituído de sentimento e que só serve para enaltecer as capacidades técnicas de quem a produziu. A arte de verdade faz bem para o interior de quem a produz tanto para o interior de quem a aprecia.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Um adeus sem dor

   Boa noite, meus caros! Cá estamos mais uma vez, em mais uma noite de Sexta-feira, como geralmente ocorre! Como vocês tem passado? Peço que perdoem a minha ausência durante estas semanas, sabem bem que tento não me afastar tanto, contudo nem sempre alcanço com sucesso meu nobre intento.
    O poema que lhes apresento hoje fala de uma despedida, despedida esta que na minha opinião todos devem dar, se quiserem ver-se livres das dores causadas pelo excesso de prazer ou pelos prazeres fúteis, especialmente aqueles ligados à emoção, as paixões de um modo geral. Este poema foi inspirado pela filosofia de Sêneca e pela Gnosis. Espero que gostem e que possam absorver a mensagem por ele passada.

                                 DESPEDIDA

                            Foto tirada do site da Nova Acrópole-Campinas

Adeus a todos os prazeres inócuos
Assim como a todo sofrimento
A parcimônia no tocante às emoções
Eliminará todo e qualquer tormento

O inverno da alma encerrar-se-á
Assim como o frio cortante
Haverá uma imensa calma interna
Acompanhada de uma brisa reconfortante

Em infelizes lágrimas, o inferno morre
Em bons pensamentos e atos, o paraíso nasce
O ego despede-se de forma silenciosa
E a essência enfim renasce!

Neste adeus não há tristeza
Não há perda, não há dor
Há apenas um ser a sorrir
Com sua alma repleta de amor! 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O doente

  Muito boa noite, meus caros! Mais uma vez, nosso encontro-se se dá em uma noite de lua cheia. Fiquemos a apreciar um pouco a beleza alva de nosso satélite natural!
  Nesse momento, ele olha para a abóboda celeste e fixa seus olhos na esfera ebúrnea que se destaca no céu noturno. Sua pele torna-se timidamente prateada, iluminada pelos raios lunares. Após mirar o astro, fecha os olhos por um momento. Abre-os novamente e revigorado, volta a falar com seus visitantes.
    Depois de um momento como estes, meus caros, o ser sente-se totalmente revigorado, pronto para enfrentar as batalhas da vida. E é sobre isso que o poema que mostrarei hoje fala. Espero que apreciem.

 A DOENÇA DOS OLHOS ABERTOS

O selo da ignorância foi rompido
As pupilas que antes eram límpidas
Assim que viram o mundo corrompido
Tornaram-se tristes e poluídas

As lágrimas lubrificaram-nas de sabedoria
E então, soube o que fazer
Todavia, contraiu a misantropia
De forma reservada começou a viver

Viu que o mal está em toda a parte
Paradoxalmente exposto e encoberto
Ele contamina até mesmo a arte
Podendo até amaldiçoar um ser quase liberto!

Todo dia é uma nova luta
Em busca de métodos de purificação
Perpetuamente segue a sua labuta
Dentro de seu revoltado coração!

De forma alguma deve ceder
Perante as tentações do subconsciente
Nunca, jamais, deverá perder
O controle de sua debilitada mente!

Assim segue, combatendo sua doença
Sem nenhuma expectativa de cura
Desejando que seu autônomo pensamento vença
Tornando sua mente completamente pura!


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Guardando a mente

   Boa noite, meus caros visitantes! Eis que agora os recebo, um pouco mais velho desta vez, já que a data de meu natalício foi há alguns dias atrás e conto 33 invernos, ja que nasci nesta estação praticamente inexistente nas terras tropicais nas quais vivemos.
    O poema de hoje fala, acima de tudo, de manter a pureza da mente. Que possamos sempre afastar tudo que é ruim dela. De nada adianta termos saúde física se nossa mente está poluída com os mais vis e tristes pensamentos. O poema não fala exatamente de uma forma universal de preservar a integridade de nossas ideias: trata-se apenas de uma forma entre tantas. Espero que gostem.

                                 CELIBATO



Dentro de um perímetro de quatro paredes
Não há fonte nenhuma de prazer
Somente uma breve masturbação mental
Para as eternas e imortais musas

Mentira! Não há somente isso!
Tem-se também os prazeres proibidos
Oriundos da preguiça e da inércia
Assim como da devassidão artística e literária!

O outrora tálamo agora é um refúgio
Para um tímido receptáculo de carne
Repleto de sonhos, reflexões
E uma hiperbólica dose de revolta!


No interior desta imensa catedral
Que não foi construída para deus algum
A mente solitária prossegue em vigília
Para que não seja corrompida pelo corpo!

E numa antítese filosófica e única
Físico e metafísico unem-se
Numa pureza repleta de prazeres vitais
Que levarão à obliteração do sofrimento!





segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Sobre uma mulher

    Muito boa noite, meus caros! Sejam bem-vindos à minha humilde moradia! Por favor, fiquem à vontade, façam de conta que estão em suas próprias casas!
     Hoje a noite será especial, um pouco diferente. Mostrarei a vocês não um poema, mas dois! Ambos tem como protagonista uma personagem chamada Amélia. Nos poemas, vocês poderão observar a presença de vários temas: Amor, vidas passadas, culpa, autodepreciação, solidão, misantropia e reflexões filosóficas. Bom, vamos aos poemas. Espero que gostem.

                                     AMÉLIA



Cortejada foi por um estranho
Que dizia ser-lhe familiar
Contudo ela achava incomum
Pois dele não conseguia lembrar

Seus modos eram nobres e gentis
Seguidos de discursos formais
Que falavam sobre um passado sombrio
Que não estavam escritos nos anais!

Culpada por não lembrar do crime
Nada lhe resta a não ser dar o perdão
Para aquele que foi seu cruel algoz
Aquele que ofertou-lhe seu coração

Séculos de inatividade geram
A mais poderosa das amnésias
Eles produzem a mais poderosa
De todas as conhecidas anestesias

Curam dores que vivem n’alma
Também apagam as elegias mais belas
No interior de um frágil corpo
Encontra-se agora uma confusa donzela!

O que o cavalheiro ignora é o fato
De o sangue ser mais vermelho na neve
E que o fardo que ele carrega
É bem menos oneroso, é suave e leve

Ao ouvir toda a história
Que o gentil homem lhe contou
Sua alma foi profundamente tocada
Lágrimas doces ela derramou

Desta vez não haverá erro
Pois seus caminhos são diferentes
Assim como suas crenças, ações
Corpos e almas principalmente

Então adeus! Eles acenam soturnos
Envolvidos por uma paradoxal alegria
O sofrimento da dúvida enfim acabou

Junto com o “até breve” de todo dia!


      O JARDIM SECRETO DE AMÉLIA



                                  Mulher no jardim (Monet)

Solitária, uma rosa rubro-negra desabrocha
Em um vergel situado nos confins do nada
Para completar seu aspecto tricolor
Pela luz do plenilúnio é iluminada

Na escuridão ela não mais se encontra
O níveo luar não a abandonará
Porém esta rosa não pode ser vista
Já que ninguém a encontrará

Ser algum poderá ver a serenidade
Do rosto da donzela que a vigia
A frágil dona deste peculiar jardim
Jamais conduzirá alguém até lá como guia

Entretanto isso não será necessário
Este jardim não proporciona nenhum prazer
A rosa é bela todavia enjoa-se dela
E ninguém por muito tempo a quer

Neste solo que há tempos fora profanado
Não há mais resquícios da maldade alheia
Muitos não sabem, mas esta rosácea nasceu
Duma semente de bondade fertilizada pela lua cheia!

Não é necessário saber a origem
Deste doce e suave perfume delicado
Basta apenas que pouquíssimos dele se encantem
Que por um ínfimo tempo possa ser apreciado!

O vento noturno sopra delicadamente
Fazendo a rosácea dançar a valsa da solidão
A donzela emociona-se ao apreciar o espetáculo
Realizado em um teatro de finita vastidão

E nesse local ela ainda permanece
Suas pétalas delicadas tremulando fragilmente
Sob o olhar da meiga e sorridente donzela
Que dela prometeu cuidar eternamente.



domingo, 25 de agosto de 2013

Marcha animal

   Olá, queridos, boa noite! Espero que estejam todos bem. Já faz um tempo que não nos encontramos, não é verdade?
    Hoje mostrarei algumas fotos que tirei na marcha animal que ocorreu hoje, em Ponta Negra, marcha que reivindicava o fim das agressões contra os animais, assim como penas mais severas para aqueles que o fizerem. Havia muitas pessoas, mais do que eu esperava que houvesse. Em certo ponto, várias pessoas aderiram à marcha,
   Foi boa a iniciativa porém creio que a forma como ela foi conduzida foi um tanto estranha. Havia um carro de som e aquele que estava com o microfone fazia questão de dizer que era uma manifestação pacífica, o que ao meu ver foi desnecessário. Ele também em certos momentos pedia para o povo gritar ( não palavras de ordem, gritar mesmo) e dizia coisas como "Solta o som, DJ!". Em certos pontos senti-me como se estivesse numa micareta (Argh!), levando em conta o clima de animação que o locutor queria dar para a marcha e a forma como várias pessoas estavam vestidas. Enfim, foi uma boa iniciativa, mas creio que alegria não deve estar presente numa marcha que protestava contra os animais que são maltratados e muitas vezes morrem devido a essas ações cruéis. Poderia haver mais revolta entre os participantes. E no fim do trajeto, havia um palco onde ocorreram alguns shows.
    Então é isso. Segue algumas fotos e eu espero sinceramente que a próxima marcha tenha mais cara de protesto.









quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Contra Sileno

  Boa noite, meus queridos e queridas!Tudo bom com vocês? Espero que sim.
  O poema que mostrarei hoje foi feito há 3 anos e creio que seja um dos poemas mais tristes que já escrevi. Ele reflete o quanto sou contra esse pensamento pessimista de Sileno, retratado neste trecho de um ótimo livro de Nietzsche:
 
    "Reza a antiga lenda que o rei Midas perseguiu-o na floresta, durante longo tempo, sem conseguir apanhá-lo. Quando, por fim, ele veio a cair em suas mãos, perguntou-lhe qual dentre as coisas era a melhor e a mais preferível para o homem. Obstinado e imóvel, calava-se; até que, forçado pelo rei, prorrompeu finalmente, por entre um riso amarelo, nestas palavras: - Estirpe miserável e efêmera, filhos do acaso e do tormento! Por que me obrigas a dizer-te o que seria para ti mais salutar não ouvir? O melhor de tudo é para ti inteiramente inatingível: não ter nascido, não ser, nada ser. Depois disso, porém, o melhor para ti é logo morrer" (Nietzsche, "O nascimento da tragédia").

    Vamos então ao poema. Espero que o apreciem, apesar da tristeza que ele passa.

ALICIA

Uma doce e metafísica criatura
Que reside no abstrato mundo das ideias
Num estado vegetativo, eternamente estática
Esperando inutilmente por uma luz

Será que este pequeno e gentil ser
Outrora correu alegre pelas planícies?
Foi acariciado pelo bondoso sol primaveril,
Encantou-se com o esplendor do plenilúnio?

Será que um dia ela quebrará
Este ciclo interminável de apatia?
Por enquanto lá ela permanece
Com suas frágeis mãos no peito

Congelada para sempre estás
No eterno tédio do ato de não-ser
Tua doce alma vagando pelo vazio
Atormentando a minha débil existência

Tu estás devidamente protegida
Num esquife etéreo que para ti criei
Estarás para sempre sepultada
No mausoléu do meu anêmico coração!...



  

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Sobre algo muito especial

  Boa noite, meus caros! Sejam bem vindos ao meu castelo. Espero que apreciem o nosso primeiro encontro de Agosto.
   Nesta madrugada, apresentarei um poema que escrevi esta semana. Ele fala de algo que não é exatamente essencial para viver mas que com ele, a vida fica muito mais agradável e bela. Este poema teve as influências das filosofias de Epicuro e Siddharta Gautama ( mais conhecido como Buda). Espero que apreciem. Hum... fico a me perguntar... há algo em vossas vidas que se pareça com o que é descrito no poema?

NECESSIDADE ESPECIAL

Mais do que simplesmente excepcional
É uma exceção mais do que essencial
É um desejo onírico que se tornou real
É simplesmente uma necessidade especial

É um complemento para a eidaimonia
Uma inexorável e prazerosa fonte de alegria
Que foi descoberta em uma hora tardia
É das melhores reservas de energia

É uma espécie de platônica igreja epicurista
Não há alma que a ela resista
Na verdade, por ela sempre suplica
Insistindo que sempre lhe faça uma visita

E se por um acaso essa fonte s esgotar
Não haverá razão para se lamentar
Já que é preciso a impermanência aceitar
Todavia, nunca, jamais, deixar de amar!

Mas por ora do fim devemos nos esquecer
Já que distante ainda está do dia de morrer
O presente diz que desta fonte deve-se sorver
Desde o crepúsculo até o amanhecer!

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Loucura?

  Boa noite, meus caros, tudo bom com vocês? Sejam bem vindos mais uma vez ao meu humilde castelo!...
  Algumas pessoas dizem que veem anjos, espíritos, fadas e outros entes dessa natureza. Se acredito nelas? Não cabe a mim julgá-las. Como não tenho experiência no assunto, apenas uso tais temáticas para escrever. Foi o caso deste poema que foi um dos primeiros que escrevi. Creio que esteja entre os 10 primeiros.

                                     ALUCINAÇÃO



Um anjo veio até mim
E disse-me algo interessante
Que meu destino era ser feliz
E que minha alegria seria incessante

Mas o que faria um anjo aqui?
Por que ele diria isso para MIM??!

Anjos podem prever o futuro
Anjos enxergam através do muro
Anjos gostam de nós
Anjos não nos deixam sós

Eles não tem defeitos
Eles tem a mente perfeita
Seus pensamentos são perfeitos

Mas tem algo muito errado
Eu acho que estou louco
Por que estou ficando rouco
Dizendo que falei com um anjo

Estou louco!
Falei com alguém com a mente perfeita


sábado, 20 de julho de 2013

Um tipo diferente de amor

    Boa noite, meus caros! Mais uma vez, quero pedir desculpas pela ausência de duas semanas.
    E falando em ausência, o poema que mostrarei hoje fala justamente sobre ela. É um poema que trata de um amor diferente, profundo e de certa forma, distante. Não é como um relacionamento à distância, é mais como uma distância próxima. Creio que seja melhor parar por aqui: tentar explicar tiraria a pureza do trabalho. Melhor que vejam e sintam de forma empírica a mensagem nele contida.

                                   LOVE ME


A distância é o melhor remédio para a dor
Estoicamente sigo esta filosofia
Ela é o bálsamo para os perpétuos estrangeiros
Um alívio para os injustamente ostracizados

Jamais houve hesitação nos ósculos
Algumas vezes para fusões carnais
A ausência de um perfume único
Provoca algo semelhante à saudade

Longe o suficiente para não machucar
Mas perto suficiente para o toque
Numa distância necessária para se ouvir
Discursos filosóficos e carinhosos

Please, love me, like you’ve  never did before
Não importa que ninguém saiba
Não importa que seja intenso
Apenas que seja diferente, assim como eu!

sábado, 6 de julho de 2013

Algo que nunca está perto

     Boa noite, meus caros! Espero que todos tenham passado bem esses últimos dias, assim como eu tenho passado. Por favor, entrem, saiam desse frio. Aproveitem o calor de minha residência.
     O poema que irei  mostra-lhes foi escrito durante a madrugada, quando o dia estava prestes a amanhecer, porém ao invés do sol, venho a chuva. É uma ideia que já tinha em mente há um tempo mas que só se materializou há pouco tempo. O poema fala de distância, uma distância que não é perene, que insiste em desafiar a lei da impermanência das coisas. Espero que gostem.

                                 DISTANTE


Não precisas incomodar-te em sair
Pois o que não se deseja não está aqui
Está agora em distantes paisagens metafísicas
Onde brotam as mais lindas rosas tísicas!

Parece que nunca é bom o suficiente
Sem demonstrar o quanto é demente
Não é um sentimento de superioridade
E sim de uma atroz incompatibilidade!

O epíteto da morte foi tomado
Este fardo é constantemente usado
O preço é deveras alto para se pagar
Contudo há uma enorme quantia para gastar!

Sem sair do lugar, permanece vagando
Nunca no mesmo lugar ficando
Quão estranho é esse nomadismo estático
Porém demonstrou ser o caminho mais prático!

Sempre rejeitando de forma assistemática
De uma maneira considerada bastante apática
Aparentemente vivendo em uma outra dimensão
Mas está apenas a purificar seu pútrido coração!