sexta-feira, 24 de maio de 2013

Precaução amorosa

    Olá, meus caros! Boa noite mais uma vez! Bom que a chuva tenha parado um pouco, assim foi possível o nosso encontro nesta madrugada.
    O poema de hoje é uma espécie de conselho que ode até soar um tanto radical. Porém lembrem-se que estamos falando de um poeta que possui uma raiz romântica, ou seja, os sentimentos são expressos muitas vezes de forma hiperbólica. De qualquer forma, espero que possam retirar algo destes versos, feitos há pouco mais de 24 horas. E vamos ao poema.

  É MELHOR NÃO PARTIR UM CORAÇÃO

 
   

É melhor não partir um coração
Nunca levar à porta de outrem o mal
Não desejar o outro como objeto
E não fazer do toque algo banal

É melhor uma prisão do tamanho duma galáxia
Do que, dentro de uma gaiola, ter liberdade
Não é tristeza e nem pessimismo
Apenas uma hiperbólica dose de sinceridade

Não seja a causa do sofrimento alheio
É horrível contemplar hemoglobinas no chão
E distinguir de forma triste e precisa
Os restos do que um dia foi um coração!

Melhor do que o prazer causado pelo corpo
Melhor do que enganar a solidão
É salvaguardar-se de ser um vetor da dor
É melhor não partir um coração!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Mais protestos

      Hoje foi dia de roletaço: manifestantes colocavam passageiros dentro dos ônibus sem pagar passagem  e falavam para a população que estava dentro dos coletivos. O protesto se deu em várias ruas, como a Avenida Prudente de morais e a rua Mossoró. A seguir, a reprodução do panfleto distribuído no protesto de hoje ( 20/05/2013) e algumas fotos do protesto. O dono deste humilde castelo manifesta desde já o seu apoio aos protestos e a toda e qualquer manifestação que seja contra qualquer forma de abuso contra a população.
     
     "Os trabalhadores e estudantes de Natal há muito tempo vêm sofrendo com as retiradas de diversas linhas de ônibus e também com as mudanças de trajeto. Além disso, vários cobradores foram demitidos, impondo aos motoristas de ônibus o cumprimento de dupla função. Agora além de motoristas, eles também são cobradores. Esse fator, junto com a falta de manutenção dos ônibus, coloca as nossas vidas em risco, além de aumentar a exploração dos trabalhadores.
    Não satisfeito o prefeito Carlos Eduardo acaba de aprovar o aumento da passagem. R$ 2,40 é um absurdo!
                             NÓS NÃO PODEMOS PAGAR POR ESSE AUMENTO!


      Por isso viemos às ruas lutar mais uma vez:

     - CONTRA O AUMENTO DA PASSAGEM
     - EM DEFESA DO PASSE LIVRE PARA ESTUDANTES E DESEMPREGADOS
     - PELO RETORNO IMEDIATO DAS LINHAS QUE FORAM RETIRADAS
     - PELO FIM DA DUPLA FUNÇÃO  DOS MOTORISTAS
     - PELO FIM DAS EMPRESAS PRIVADAS
     - EM DEFESA DO TRANSPORTE PÚBLICO E DE QUALIDADE

     






quinta-feira, 16 de maio de 2013

O retorno da revolta do busão

  Olá meus caros, boa noite! Bom, hoje não ficarei muito tempo com vocês, apenas quero ressaltar minha revolta contra o abuso de poder da polícia contra os manifestantes. Olhem na minha linha do tempo do facebook e verão minhas manifestações de repúdio contra esses atos. Não me repetirei aqui, apenas quero acrescentar que não estava lá na ocasião pois estava trabalhando e presente em um sarau.
   As fotos a seguir foi do manifesto que houve na tarde do dia hoje. Não houve muitos incidentes com a polícia, soube apenas de um professor, pai de família, que chegou para um policial e perguntou porque ele estava sem identificação. O policial respondeu que ele era um civil e que não tinha direito de ficar interrogando-o. O professor foi ameaçado de prisão mas os manifestantes não deixaram que isso ocorresse. Este são os homens que deveriam nos proteger. Absurdo!








terça-feira, 14 de maio de 2013

Sobre o aumento das passagens


                                 O COMBOIO DA SUCATA



Foi discutido ontem (13) pela Comissão de Transportes na Câmara Municipal de Natal o realinhamento nos custos de transporte público do município, mas O GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS CAPACITADOS PARA ATENDER A POPULAÇÃO NÃO IMPLICA NO AGRAVAMENTO DAS DESPESAS ESGOTADAS PELA MOBILIDADE URBANA. 
A comissão se propôs a projetar duas belíssimas estações de transferência, com ares-condicionados e espaços acessíveis de convivência, porém ao fazer isso não irão reativar as outras onze transferências que restaram, de modo que assim aumentarão a duração de um trajeto em 15% a mais do que o seu tempo previsto. 
No ano de 2009 a tarifa aumentou de R$1,85 para R$2,00: foi um aumento de 8,10%. No ano de 2011 a passagem se elevou de R$2,00 para R$2,20: foi uma alta de 10,00%. Agora pretendem subir o custo da taxa do transporte de R$2,20 para R$2,40: uma subida de 9,09%. INTENTA-SE EM QUATRO ANOS ENGRANDECER A TARIFA EM 27,19% A MAIS? 
O TRANSPORTE COLETIVO É PAGO SEM EXCEÇÃO PELOS SEUS USUÁRIOS e, no espaço de um quatriênio, estima-se que o preço de tal imposto foi aumentado em 6,79% ao ano – O QUE É PELOS PASSAGEIROS CONSIDERADO UM VALOR INVERSAMENTE DESPROPORCIONAL À QUALIDADE DO SERVIÇO, cuja abrangência e frequência de atendimento são quase nulas à população necessitada. 
O circuito integrado exclui as linhas que inclui no seu trajeto, pois o embarque gratuito em qualquer linha de um mesmo terminal é proibido; ALGUNS ÔNIBUS NÃO ACEITAM A INTEGRAÇÃO NEM O PASSE ESTUDANTIL FEITO EM ESPÉCIE É PERMITIDO; as antigas linhas extintas não retornarão com o aumento e a fusão de qualquer linha visa o lucro.
Os funcionários são considerados pelas empresas como partes do seu material fundamental, o que os mostra como vivas ferramentas produtivas para a renda ser maior, de forma que por isso elas aumentam na planilha orçamentária/tarifária qualquer gasto que exista, quer com materiais ou recursos humanos não importa a condição que apareçam. 
Na medida em que as linhas estão se fundindo a circulação de pessoas no transporte coletivo tem aumentado: quanto menos opções de trajetos, tanto mais linhas fundidas serão, e, por consequência, TANTO AUMENTARÁ O FLUXO DE GENTE NO TRANSPORTE, QUANTO BAIXARÁ A QUALIDADE DO SERVIÇO: o ar condicionado só será mais um problema. 
Quanto mais linhas de ônibus forem fundidas, tanto mais pessoas acessando os tais veículos; quanto menos carros a suprir essa demanda, tanto menos linhas a fazer esse serviço; quanto mais aumenta o contingente de usuários tanto mais diminuem as linhas de ônibus; QUANTO MAIS DIMINUEM AS LINHAS DE ÔNIBUS, TANTO MAIS GENTE FAZ USO DOS ÔNIBUS – cada vez piores e mais deteriorados. 
Com apelos ou não feitos ao prefeito, o aumento mais cedo ou mais tarde virá; mesmo levando o debate às pessoas, está evidente que a dita medida é um paliativo; QUALQUER PESSOA QUE PAGUE POR UM SERVIÇO, DEVERÁ SER CONTEMPLADA COM A SUA QUALIDADE; faz-se necessário o quanto antes de nada a mais, se lançar contra a subida da tarifa de transporte. 
A sociedade não pode esperar pelas prerrogativas do poder executivo para assim modificar as suas vidas, pelo contrário, ela tem que se fazer moderadora dos poderes para deles se livrar, e é por isso que se torna essencial se colocar CONTRA O AUMENTO DA PASSAGEM DE TRANSPORTE E A FAVOR DO PASSE LIVRE. 
Os empresários das empresas de transportes são contrários ao aumento proposto pela comissão, colocando-se a favor de uma taxa bem maior que equivale a R$2,76 pelo preço da tarifa, ou seja, são 25,45% a mais do que se tem para propor: É UMA PROVOCAÇÃO PARA A POPULAÇÃO SE OPOR E RESPONDER COM TODO O GÁS.


                                                                            TEXTO DE JAN CLEFFERSON


    Acrescento ao texto de Jan Clefferson algumas informações.
    
    -O salário de um motorista de ônibus é de cerca de 1.296 reais. De um cobrador, cerca de 752 reais.
    -Foi alegada a necessidade de aumento devido aos impostos. Compararam com outras cidades que possuem o preço menor, onde se há subsídios para o transporte. É visível o quão nocivos são os imposto sem excesso, que sempre serão usados como desculpa por empresários para justificar seus aumentos. A solução ideal seria estatizar o transporte público ou que pelo menos os governos fiscalizassem com mais rigor o serviço que as empresas oferecem ao usuário. 
    -Os vereadores Hugo Manso, Sandro Pimentel e Marcos do PSOL mostraram-se contra o aumento. Júlio Protásio disse que as empresas precisam oferecer um serviço melhor e que deve haver ônibus 24 hrs na cidade. Hugo Manso disse que deve haver urgentemente a suspensão do aumento para evitar choque da polícia com manifestantes. Sandro Pimentel falou sobre a necessidade de haver uma consulta com a população sobre o aumento, já que ele apenas foi justificado e não proposto.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

ROUGE


Já era madrugada. A lua minguante já estava no alto do céu, com seu brilho apático a iluminar debilmente a noite. Seus raios adentravam por uma janela e refletiam uma figura feminina que estava graciosamente deitada no chão.
Era uma mulher de longos cabelos ruivos, pela branca bronzeada pelo sol, usando como vestes apenas peças íntimas, que eram da mesma cor de sua cabeleira. Em seus olhos verdes, havia uma tristeza sem tamanho e em seu rosto havia diversos caminhos traçados por lágrimas, uma verdadeira trilha de angústia e desespero. Jazia sobre um tapete escarlate com dimensões um pouco maiores do que seu delicado e belo corpo. Ela estava ali fazia algum tempo, imóvel, como uma escultura que foi derrubada de um sustentáculo e que agora decorava o chão do recinto. O que chamava mais a atenção é que o tapete de alguma forma refletia a luz da lua ...e uma carta jazia ao lado da mulher...
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Em outro recinto, em outro local, gemidos prazer ainda ecoavam no ar após uma tórrida noite de amor. Porém, paradoxalmente, o ambiente encontrava-se mais silencioso do que o interior de um crânio sepultado há décadas. Nele havia uma suntuosa cama de casal, onde dois corpos jaziam após uma longa batalha sexual. Em seus poros ainda podiam-se vislumbrar algumas gotículas d’água, resultado de um refrescante banho, algo bastante necessário para purificar e limpar o corpo dos líquidos oriundos das sensações prazerosas resultantes do atrito que há entre os corpos em horas mais íntimas. Era notório o sorriso estampado no rosto do casal, que parecia estar no paraíso, ouvindo os anjos tocarem as mais belas canções celestiais. A mulher adormecida estava com a fronte no peito de seu parceiro, enquanto este dormia estava com a mão em sua cabeça repleta de longos cabelos negros, afagando-a de forma carinhosa.
-Estava maravilhosa hoje, querida. Mais do que nunca esteve.
-Obrigada, meu belo. – ela ergueu a cabeça para olhar para seu homem e olhar dentro de seus olhos castanhos e afagar seu curto cabelo da mesma cor. – Creio eu que mereço um presente por ter-lhe proporcionado tanto prazer. Não estou certa?
-Certamente. Merece algo de especial, minha encantadora fada.
-Inclusive tenho algo em mente... - disse, dando um sorriso de mulher experiente, um sorriso que só esse tipo de mulher poderia dar.
- E o que seria?
- Um poema. O poema que prometeste para mim. Disseste que o havia terminado. Onde está? Quero ler agora!
- O poema! – ergueu a cabeça para cima, colocando a mão na testa. - De fato, o escrevi porém deixei-o em casa. Na pressa para te ver, deixei-o em casa.
- Na pressa para possuir-me, você quer dizer. Homens são assim mesmo, quando estão em busca de um corpo feminino, de tudo esquecem. Mas tudo bem, pode trazer-me na próxima vez. Porém saiba que perdeste a oportunidade de tornar este o momento mais especial de nossas vidas.
-Isso é fácil de resolver, querida. – disse-lhe, apalpando o farto seio dela. - Basta tornarmos o nosso próximo encontro mais especial do que este.
Depois de falar, não esperou que ela respondesse. Simplesmente puxou seu rosto para perto do dele e deu-lhe um beijo com toda a vontade do seu ser. Depois de se beijarem longamente, já estavam envolvidos em mais um combate sexual. Ele era um cavaleiro que com sua arma sempre em riste, atacava impiedosamente sua adversária, que sempre tombava perante seus golpes, gemendo longa e profundamente. Mas ao contrário do que seria em um combate comum, ela não oferecia nenhuma resistência, sempre deixando sua guarda deliciosamente aberta...



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      Algumas horas antes, em outro local, uma mulher levantava-se de seu leito. Uma bela mulher, de cabelos ruivos, trajando apenas peças íntimas vermelhas, tornando-a uma figura que despertava os mais profundos desejos carnais. De forma graciosa e sensual, caminhou com seus pés descalços, saindo do seu quarto, em busca de uma garrafa d’água.

                                                      
       Depois de saciada sua sede, caminhou até a janela para vislumbrar a lua minguante, cuja luz entrava pelas frestas. Sem pensar duas vezes, a mulher com cabelos vermelhos abre-a, com o intuito de permitir a passagem completa da luz lunar. Janela aberta, braços abertos, ela entrega-se ao luar, deixando que os níveos feixes de luz toquem seu belo corpo. Ela se delicia com o toque da noite, e tem um orgasmo metafísico, um orgasmo da alma. Ela está vivendo um momento único e deseja aproveitá-lo plenamente.
Após o gozo, ela abre os olhos. Está feliz. Estaria mais ainda se ele estivesse aqui, contudo não é o caso. Ele teve de viajar, resolver problemas pendentes. Mas ele irá voltar e então poderão amar-se à luz da lua e então o gozo será pleno, de corpo e alma...
De repente, após uma brisa um pouco mais forte, os pensamentos dela são interrompidos por um som de algo leve caindo no chão. Ao virar-se, ela nota que é um envelope. Caminha até ele e o apanha do chão. No envelope está escrito “Para minha amada”.
-É a letra dele. Será que ele queria fazer-me uma surpresa? Ou será que iria entregar-me e esqueceu? Homens, tão distraídos. Quando tem algo importante em mente, esquecem-se de tudo...
Lentamente ela abre o envelope e começa a ler o conteúdo.  Ela reconhece a letra, sem dúvida foi ele que escreveu. Subitamente, ela sente um calafrio percorrer todo o seu corpo e gotas de suor gelado começam a brotar de sua fronte. O nome do poema é “Melissa”. Seu nome é Ana...
De forma desesperada, seus olhos começam a percorrer os versos. Alguns chamam a atenção e evidenciam a traição do seu amado:

Em teu universo onipresentes de madeixas negras
Estrelas vermelhas simplesmente tornam-se insignificantes
Permita que em tua infinitude e esplendor
Seja eu o teu particular cometa errante!

De forma compulsiva, lágrimas começam a escorrer pelo seu rosto angelical e uma máscara de tristeza o cobre, contrastando com a felicidade demonstrada instantes atrás. Tenta controlar-se, mas os soluços tornam-se cada vez maiores à medida que lê o poema até o seu derradeiro verso. No fim, cai de joelhos, põe as mãos no rosto e então sente a maior dor que já sentiu em sua vida. Depois de chorar o que parecia ser inúmeras lágrimas, fica em estado catatônico, olhando para o vazio por cerca de meia hora. Então, ainda olhando para o vazio, ergue-se e caminha em linha reta, em direção à cozinha.
Quando volta, traz em suas mãos um objeto pontudo e prateado. Uma adaga, pertencente a seu amado. Ele sempre gostou de lâminas, sempre achou que eram obras de arte. Vivia a dizer que era muito mais homem aquele que se aproximava para matar seu inimigo do que aquele que ficava a disparar a distância. Era um fã incondicional da história dos 300 de Esparta. Ela começa a mirar a adaga por alguns minutos e então quebra o silêncio fúnebre da sala.
-Destruíste meu sonho. Despedaçaste meu coração. Traíste minha confiança. E agora, irás matar-me. Sim, será você o assassino. Minha mão apenas fará ao meu corpo o que acabaste de fazer à minha alma.
Cerimonialmente, ela ergue o punhal em direção à luz da lua, como que pedindo a benção da mesma. Em seguida, coloca a lâmina em seu pescoço. A mão treme descontroladamente. Ela tenta se controlar. Depois de segundos, a mão está firme. E subitamente, ela faz um movimento rápido e mortal, com a precisão necessária. E o gosto de ferro inunda sua língua. Sangue escorre pelos seus lábios. Um rio escarlate começa a percorrer toda a parte frontal do seu corpo. Antes de seu corpo ir de encontro ao chão, ela ainda visualiza a adaga coberta com seu sangue e pensa na beleza da nova cor que ela criou, uma espécie de escarlate com tons prateados e albinos. E então seu lindo rosto vai de encontro ao chão e ela ouve o som da queda, antes que sua mente se afunde em uma densa e silenciosa treva. Então, seu corpo dá alguns espasmos e de repente, torna-se tão imóvel e rijo quanto uma pedra... 


Apesar de fazer vários minutos que seu corpo está no chão e do sangue que escorre de sua garganta de forma abundante, mal se percebe a morbidez da cena, já que ela caiu sobre um tapete vermelho, cuja cor é a mesma do líquido vital que há minutos atrás bombeava seu corpo com vigor, sem contar o fato que o tapete o absorve quase que por completo, dando a ilusão a um observador desatento que ela está ali, adormecida, banhando-se com os raios lunares, que pouco a pouco, vão tornando-se cada vez mais rubros à medida que a lua aproxima-se do horizonte, despedindo-se da melancólica cena e mergulhando gradativamente a sala na mais densa escuridão.



CRÉDITOS

Foto da ruiva por Eduardo Muruci. Confiram o excelente trabalho dele! 

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Kenshô e Satori




      Boa noite, meus caros. Como vão todos vocês? Por favor, entrem e fiquem à vontade, como sempre.
      Hoje vamos falar sobre algumas coisas bastante interessante: kensho e satori.
     Primeiro, vamos ao conceito. Ambas as palavras vêm da filosofia budista e se referem ao conceito de iluminação.  A primeira significa um momento de iluminação, uma pequena verdade, um pensamento oriundo de uma experiência que responde a alguma dúvida que o indivíduo tem, mas não o suficiente para alcançar uma iluminação definitiva. Depois de se ter um Kensho, o indivíduo fica mais próximo a ela.  Já o satori é a iluminação definitiva, que vem depois de vários kenshos. É o estado do Buda Siddharta Gautama, por exemplo. Poderíamos também citar Jesus Cristo, que sem dúvida era um homem iluminado.



 Se ficou muito confuso, será melhor dar uma explicação. Vamos usar como exemplo Siddharta Gautama. Aos 29 anos, saiu do seu palácio para uma vida de iluminação. No processo, ele consultou alguns mestres que falaram sobre privações (como jejum) como um meio para se atingir a iluminação. Porém dizem que ele estava de passagem em uma vila e ouviu uma conversa em que um indivíduo dizia que se deveria afinar as cordas de um instrumento na medida certa, senão a corda partiria. Siddharta ao ouvir isso fez a relação com o processo de busca pela iluminação pelo qual estava passando: se ele se sacrificasse por demais, se ele elevasse seu corpo a extremos, ele não conseguiria atingir o Nirvana. Ele teve um Kensho, uma pequena iluminação. Resumindo: ele teve um kensho, que facilitou o seu caminho para o satori, a iluminação definitiva. Parece-me que não é possível ter satoris antes de ter pelo menos um Kensho. O próprio Siddharta teve pelo menos dois: o que citei acima e o 1°, que foi quando ele percebeu que tudo perece e que não adiantaria se apegar às coisas.
Provavelmente, muitos tem kenshos durante a sua vida, porém não se dão conta disso. Desta forma, não aproveitam a importância do momento. O Kensho é uma resposta definitiva para um problema. Lembrando que o kensho é algo subjetivo, ele não se volta para uma verdade absoluta, depende da condição do indivíduo.
Posso citar como exemplo um que tive há cerca de 3 anos atrás. Antes dele, eu achava-me inferior a outras pessoas, acreditava que elas eram todas melhores do que eu. No entanto, esse pensamento batia de frente com outro pensamento meu: o de que todas as pessoas são iguais. Ora, se todos são iguais, por que seria eu inferior aos outros? O que me tornaria especial, o que me faria tão pior? Fazendo essas reflexões, eliminei esse erro de minha mente e o sofrimento que vinha dele, e desde então, não sofri mais com isso. Perceberam a subjetividade do momento? Foi um kensho pessoal, de acordo com a visão distorcida que tinha de mim mesmo. Recentemente, tive mais um, precisamente na madrugada da última sexta para o sábado. As explicações em relação a ele são longas, mas resumindo: esse último kensho fez-me aceitar melhor os elogios em relação à minha pessoa. Eu os aceitava naturalmente em relação a meu trabalho artístico, mas não em relação à minha pessoa. Devo agradecer este momento único a uma amiga minha, Sharon, que me fez duras, mas bem- vindas críticas, exatamente um dia antes do precioso momento (criticas... aprecio por demais fazê-las, especialmente recebe-las). Desde o último final de semana, sinto-me mais leve e um ser humano melhor, embora ainda haja muito o que corrigir.
Bom, encerro minha fala aqui. E então, ficou alguma dúvida? Alguns de vocês já tiveram esse momento? Não precisam descrever, pois é algo pessoal demais na maioria das vezes. Fiquem à vontade.


    
    

     
      

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Apenas um beijo

    Boa noite, meus queridos visitantes! Como estão indo? Estou muito bem e espero que vocês também estejam. Esta madrugada está sendo bastante agradável para mim, uma das melhores d minha vida, pois consegui contemplar algo em meu interior, algo que já havia visto, porém com mais clareza.
    Este poema que vou-lhes apresentar é mais um poema de amor que escrevi durante esses últimos meses. Não sei por qual motivo este sentimento tão complexo vem inspirando minha mente de forma tão fértil nestes últimos tempos.
    O poema que se segue não fala de uma história de amor mas apenas de um momento que durou apenas 3 segundos, aproximadamente mas que inspirou vinte versos. Perdoem-me se ele soar um tanto ingênuo, apenas segui o meu coração ao escrevê-lo. No fundo, no fundo, sei porque o escrevi desta forma mas isso é algo que devo manter guardado em meu simples coração poético.
    Contudo..está na hora de dar um basta nesse monólogo monótono e prosseguirmos com a leitura do poema.

        A KISS INSIDE A CANVAS

                     
  




Apesar de ter sido um tanto sutil
Seguiu-se uma risada tão bela e sonora
Como se houvesse bebido do néctar da alegria
Saído de uma fonte levemente amarga

Muitos não se importariam jamais
Com um momento tão efêmero
Pois suas mentes preocupam-se com o material
Desprezando as valorosas miudezas da vida

Porém em um singular fechar de retinas
Um delicadíssimo toque de lábios
Onde não se distinguem nem sexualidade nem gênero
Foi pintada uma cena renascentista

Em um museu com centenas de lembranças
Há para ela um lugar especial
Para ser admirada constantemente
E para sempre ser considerada clássica

E mesmo que o autor da obra pereça
Para sempre será preservada, certamente
Pois a essência do amor com que foi feita
Fundir-se-á com a infinito do cosmo!