Boa
noite, meus caros. Como vão todos vocês? Por favor, entrem e fiquem à vontade,
como sempre.
Hoje vamos falar sobre algumas coisas bastante
interessante: kensho e satori.
Primeiro, vamos ao conceito. Ambas as
palavras vêm da filosofia budista e se referem ao conceito de iluminação. A primeira significa um momento de
iluminação, uma pequena verdade, um pensamento oriundo de uma experiência que
responde a alguma dúvida que o indivíduo tem, mas não o suficiente para alcançar
uma iluminação definitiva. Depois de se ter um Kensho, o indivíduo fica mais
próximo a ela. Já o satori é a
iluminação definitiva, que vem depois de vários kenshos. É o estado do Buda
Siddharta Gautama, por exemplo. Poderíamos também citar Jesus Cristo, que sem
dúvida era um homem iluminado.
Se ficou muito confuso, será melhor dar uma
explicação. Vamos usar como exemplo Siddharta Gautama. Aos 29 anos, saiu do seu
palácio para uma vida de iluminação. No processo, ele consultou alguns mestres
que falaram sobre privações (como jejum) como um meio para se atingir a
iluminação. Porém dizem que ele estava de passagem em uma vila e ouviu uma
conversa em que um indivíduo dizia que se deveria afinar as cordas de um
instrumento na medida certa, senão a corda partiria. Siddharta ao ouvir isso
fez a relação com o processo de busca pela iluminação pelo qual estava
passando: se ele se sacrificasse por demais, se ele elevasse seu corpo a
extremos, ele não conseguiria atingir o Nirvana. Ele teve um Kensho, uma
pequena iluminação. Resumindo: ele teve um kensho, que facilitou o seu caminho
para o satori, a iluminação definitiva. Parece-me que não é possível ter
satoris antes de ter pelo menos um Kensho. O próprio Siddharta teve pelo menos
dois: o que citei acima e o 1°, que foi quando ele percebeu que tudo perece e
que não adiantaria se apegar às coisas.
Provavelmente, muitos
tem kenshos durante a sua vida, porém não se dão conta disso. Desta forma, não
aproveitam a importância do momento. O Kensho é uma resposta definitiva para um
problema. Lembrando que o kensho é algo subjetivo, ele não se volta para uma
verdade absoluta, depende da condição do indivíduo.
Posso citar como
exemplo um que tive há cerca de 3 anos atrás. Antes dele, eu achava-me inferior
a outras pessoas, acreditava que elas eram todas melhores do que eu. No
entanto, esse pensamento batia de frente com outro pensamento meu: o de que
todas as pessoas são iguais. Ora, se todos são iguais, por que seria eu
inferior aos outros? O que me tornaria especial, o que me faria tão pior?
Fazendo essas reflexões, eliminei esse erro de minha mente e o sofrimento que
vinha dele, e desde então, não sofri mais com isso. Perceberam a subjetividade
do momento? Foi um kensho pessoal, de acordo com a visão distorcida que tinha
de mim mesmo. Recentemente, tive mais um, precisamente na madrugada da última sexta
para o sábado. As explicações em relação a ele são longas, mas resumindo: esse
último kensho fez-me aceitar melhor os elogios em relação à minha pessoa. Eu os
aceitava naturalmente em relação a meu trabalho artístico, mas não em relação à
minha pessoa. Devo agradecer este momento único a uma amiga minha, Sharon, que
me fez duras, mas bem- vindas críticas, exatamente um dia antes do precioso
momento (criticas... aprecio por demais fazê-las, especialmente recebe-las). Desde
o último final de semana, sinto-me mais leve e um ser humano melhor, embora
ainda haja muito o que corrigir.
Bom, encerro minha fala
aqui. E então, ficou alguma dúvida? Alguns de vocês já tiveram esse momento? Não
precisam descrever, pois é algo pessoal demais na maioria das vezes. Fiquem à
vontade.
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