quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Contra Sileno

  Boa noite, meus queridos e queridas!Tudo bom com vocês? Espero que sim.
  O poema que mostrarei hoje foi feito há 3 anos e creio que seja um dos poemas mais tristes que já escrevi. Ele reflete o quanto sou contra esse pensamento pessimista de Sileno, retratado neste trecho de um ótimo livro de Nietzsche:
 
    "Reza a antiga lenda que o rei Midas perseguiu-o na floresta, durante longo tempo, sem conseguir apanhá-lo. Quando, por fim, ele veio a cair em suas mãos, perguntou-lhe qual dentre as coisas era a melhor e a mais preferível para o homem. Obstinado e imóvel, calava-se; até que, forçado pelo rei, prorrompeu finalmente, por entre um riso amarelo, nestas palavras: - Estirpe miserável e efêmera, filhos do acaso e do tormento! Por que me obrigas a dizer-te o que seria para ti mais salutar não ouvir? O melhor de tudo é para ti inteiramente inatingível: não ter nascido, não ser, nada ser. Depois disso, porém, o melhor para ti é logo morrer" (Nietzsche, "O nascimento da tragédia").

    Vamos então ao poema. Espero que o apreciem, apesar da tristeza que ele passa.

ALICIA

Uma doce e metafísica criatura
Que reside no abstrato mundo das ideias
Num estado vegetativo, eternamente estática
Esperando inutilmente por uma luz

Será que este pequeno e gentil ser
Outrora correu alegre pelas planícies?
Foi acariciado pelo bondoso sol primaveril,
Encantou-se com o esplendor do plenilúnio?

Será que um dia ela quebrará
Este ciclo interminável de apatia?
Por enquanto lá ela permanece
Com suas frágeis mãos no peito

Congelada para sempre estás
No eterno tédio do ato de não-ser
Tua doce alma vagando pelo vazio
Atormentando a minha débil existência

Tu estás devidamente protegida
Num esquife etéreo que para ti criei
Estarás para sempre sepultada
No mausoléu do meu anêmico coração!...



  

2 comentários:

  1. Incrível modo de expressar a solidão de maneira poética. Adoro a maneira como escreve! E em se tratando de escrita filosófica você está de parabéns!

    Um abraço e tudo de bom!

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  2. Poesia, filosofia, solidão... nunca ninguém teceu tão bem seus versos.Parabéns!

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