sábado, 28 de julho de 2012

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       Haviam batido na porta, chamado, gritado, porém ninguém respondia. Depois vieram notar que a porta estava aberta. Empurram-na e olharam para dentro do recinto. Somente alguns resquícios de luz iluminavam a sala, oriundos de um abajur que estava ligado. A lareira estava apagada, nela havia somente cinzas. Chamaram mais uma vez pelo proprietário. Nenhuma resposta: o único som que se ouvia era o vento que soprava.
     Decidiram então que deveriam subir as escadas. Talvez ele estivesse no andar superior, trancado em seus aposentos, como costuma ficar sempre que está em casa. Enquanto subiam, chamavam pelo seu nome, contudo não se ouvia resposta. Nem o vento mais se ouvia. O silêncio imperava de forma opressiva no ambiente, fazendo com que os visitantes ficassem um pouco apreensivos.
      Então, notaram que todo o andar superior estava preenchido com perfume de rosas. Com um olhar mais atento, um dos visitantes percebeu que havia alguns incensos acesos no corredor. Com certeza era a fonte do doce aroma. Outra visitante, com o olfato mais apurado, reconheceu o perfume: rosas brancas, com o intuito de trazer paz e harmonia. No momento que percebeu isto, notou que a apreensão que tomava conta dos outros passou, provavelmente devido ao estímulo causado pelo aroma. Ficou mais tranquila e seguiu em frente, junto com os outros.
     Andando mais um pouco, notaram que a porta do quarto estava aberta mas diferente de como estava aberta a porta lá embaixo. Esta estava quase que escancarada, como se convidando todos a adentrar naquele misterioso chambre, até então desconhecido por eles. Diante de uma situação tão convidativa quanto inesperada. Ao entrarem, mais um incenso aceso. Este era de sândalo, para meditação. A caixa com as informações estava próxima e dentro dela não tinha mais incensos. Depois de segundos, os resquícios deste se apagam.
     É notável uma certa desordem  dentro do aposento: livros espalhados por cima da cama, algumas peças de roupa espalhadas e uma pasta aberta numa página em que se lê um poema chamado: “O vinho da noite”
 O vinho da noite, o alucinógeno perfeito!

Ao beber de seu infinito conteúdo
Serei o ébrio mais sóbrio da existência
Possuirei uma ínfima parte da onipotência
Noturna pois a ela estarei amalgamado
Eu, um mortal, tornar-me-ei divino!

Embriagarei-me com o vinho da noite
Que álcool não possui; ao invés deste
Está cheio de constelações e estrelas
Alfas, Betas, Gamas, nebulosas e cometas
Além dos gritos dos desesperados seres
Que somente são ouvidos pela escuridão plena!

     Em cima da mesa, vários papéis, entre eles estava uma letra de uma canção. Impressa numa folha A4, frente e verso, a letra e a tradução da música “Dumb” (tolo):

I'm not like them
But I can pretend
The sun is gone
But I have a light
The day is done
But I'm having fun
I think I'm dumb
Maybe just happy
Think I'm just happy
Think I'm just happy
Think I'm just happy

My heart is broke
But I have some glue
Help me inhale
And mend it with you
We'll flow around
And hang out on clouds
Then we'll come down
And I have a hangover
Have a hangover
Have a hangover
Have a hangover

Skin the sun
Fall asleep
Wish away
The soul is cheap
Lesson learned
Wish me luck
Soothe the burn
Wake me up

I'm not like them
But I can pretend
The sun is gone
But I have a light
The day is done
But I'm having fun
I think I'm dumb
Maybe just happy
Think I'm just happy
Think I'm just happy
Think I'm just happy

I think I'm dumb
I think I'm dumb

Não sou como eles
Mas posso fingir
O sol se pôs
Mas tenho uma luz
O dia acabou
Mas estou me divertindo
Acho que sou tolo
Talvez apenas feliz
Acho que sou apenas feliz
Acho que sou apenas feliz
Acho que sou apenas feliz

Meu coração está partido
Mas tenho um pouco de cola
Ajude-me a inalar
E consertá-lo com você
Vamos flutuar por aí
E passar algum tempo nas nuvens
Depois vamos descer
E ter uma ressaca
Ter uma ressaca
Ter uma ressaca
Ter uma ressaca

Queimar no sol
Cair no sono
Desejar estar longe
A alma é barata
Lição aprendida
Deseje-me sorte
Alívio da queimadura
Me acorde

Não sou como eles
Mas posso fingir
O sol se pôs
Mas tenho uma luz
O dia acabou
Mas estou me divertindo
Acho que sou um tolo
Ou talvez apenas feliz
Acho que sou apenas feliz
Acho que sou apenas feliz
Acho que sou apenas feliz

Acho que sou um tolo

     Depois de um certo tempo, vendo que não mais achariam nada ali, saíram do local e retornaram para seus lares, um tanto quanto confusos...

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