Boa noite, meus ilustres visitantes! Espero
que esteja tudo bem com vocês!
Hoje não
vou mostrar nenhum poema. Como já disse antes, este não é um espaço apenas para
poesia mas também para debates. Gostaria de falar hoje sobre algo que causa
sofrimento nas pessoas: o ato de identificar-se com algo..
O ato em
questão consiste em projetar sua imagem em algo, que pode ser uma religião, uma
ideologia, um artista... esses são os exemplos mais comuns. Muitas pessoas
falam “Identifiquei-me com essa música!” ou com esse filme, com essa ideologia.
Vocês já devem ter ouvido isso, assim como também devem tê-lo dito. A questão
é: como isso traz sofrimento?
Quando nos
identificamos com algo, nos projetamos ali. O nosso objeto de identificação
passa a ser parte de nós, ou melhor dizendo, passa a ser a nossa própria
pessoa, exteriorizada. É uma espécie de espelho metafísico, criado por nós e
que só existe na nossa mente. Ninguém olhará para o objeto e dirá que está te
vendo. Lógico, há casos em que vemos algo e lembramos de outras pessoas porém
creio que isso é um outro caso.
Os efeitos
da criação desse espelho é o seguinte: qualquer coisa que se diz em relação ao
objeto de nossa identificação é tida como se houvesse sido dita para nossa
própria pessoa. É muito bom quando esse objeto recebe elogios, gostamos muito,
não é? O problema é quando alguém fala mal do nosso querido espelho: como tudo
que é dito para ele é tomado como se fosse conosco, então acabamos nos
ofendendo também. E isto leva ao sofrimento pois nos sentimos atingidos,
abalados e atacados de forma violenta. Muitas vezes não chegam a ser ofensas,
apenas opiniões contrárias e críticas não destrutivas e mesmo assim tomamos
como uma grave ofensa à nossa pessoa.
Como fazer
para não sofrermos então? Segundo Krishnamurti, grande pensador indiano ( eu
recomendo), devemos nos afastar desses conceitos, não devemos toma-los como
parte de nós. Assim não sofreremos, não discutiremos desnecessariamente com
outras pessoas e teremos mais paz.
Alguns irão
ler isto e dizer que isso é impossível, se não tivermos nossos gostos
perderemos nossa individualidade. Mas é justamente o oposto: você a recupera. A
cada ideia criada por outra pessoa que seguimos, sem questionar, deixamos de
ser nós mesmos, deixamos de ser pessoas flexíveis, tornamo-nos apenas a
continuação de um conceito
Mas aí
alguns indagarão: quer dizer que eu tenho de deixar de ter minha religião, meu
partido político, minha ideologia? Para se tornar um ser totalmente individual?
Na minha opinião, sim. Vale salientar: MINHA opinião, não uma verdade absoluta!
Citarei como exemplo a religião (advertirei
que tudo o que direi a seguir não se aplica somente à religião: aplica-se à
ideologias como um todo) . Digo que a questão do conceito é mais forte nela
pois para você ser adepto dela, tem de seguir suas regras. Ora, se você não as
segue, você não segue aquela religião. E aqui encontramos a confusão que as pessoas fazem entre
RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE. A primeira é um sistema organizado, com regras,
deveres e punições e é seguida por um grupo. A segunda é algo individual, que
pode ser um amálgama de ideias de outros grupos, uma ideia própria ou ambos.
Muitas pessoas dizem que são católicas, mas na verdade são cristãs. Católico é
quem segue o catolicismo, cristão é alguém que crê em Deus e em Cristo. O
cristão não precisa ser católico, nem mesmo ter uma religião. Em suma: todo
Católico é cristão, todavia nem todo cristão é católico.
Porém
desejo muito acrescentar que o que foi dito aqui não precisa ser feito por
todos. Essa questão de não seguir religião e não ter uma ideologia é algo
opcional ( foi o caminho que adotei). Você não precisa deixar de ser católico,
budista, bruxo (não gosto da palavra “neo-pagão”, tem um sentido pejorativo),
ateu, socialista, anarquista, deixar de votar e seguir as ideologias de seu
partido político. Inclusive acredito possuir uma ideologia possa até servir
para que você se torne uma pessoa melhor e que isso possa beneficiar você e
outras pessoas. Você não precisa ser tão radical ( no bom sentido da palavra).
Basta apenas ter em mente algo: sua ideologia não é você, não é parte de você,
não é sua família, não há motivo para ficar tão revoltado porque alguém
demonstrou ter uma opinião diferente da sua. Meu conselho é que você canalize
essa revolta para outras causas: revolte-se contra as inúmeras injustiças que
ocorrem no mundo. Voltando ao assunto, eu até acho meio entediante quando
pessoas conversam e só fazem concordar uma com a outra. Chega um momento que a
conversa se torna improdutiva. Bom é o choque de ideias! Muitas vezes quando
duas ideias se colidem, nasce uma terceira! Isso não é maravilhoso?
Bom,
termino minha fala aqui. Espero que tenham gostado da conversa. Se possuem algo
a acrescentar, gostaria muito de ouvir. Se não for o caso, tenham uma boa noite
e até breve!
Pois bem Roberto: PARABÉNS! Belo texto e bem filosófico...Pois, para o bom viver basta saber que ouvir é para poucos, entender é para os sábios. E para aqueles(as) que discordam de uma ideia ou um ideal, como é necessário o silêncio, não é verdade! Gostei de passar por aqui!
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